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10. Aazinu


B’SD

Kol Hamoshiach

PARASHAT HAAZINU - SHABAT (T)SHUVÁ

Conteúdo da Parashá:

PRIMEIRA PARTE DO CANTO, versículos 1 a 6: A INTRODUÇÃO

Moshé toma o a céu e a terra por testemunhas: ele adverte os judeus que precisam se manter fiéis à Torá

Moshé declara que a Torá gera vida,  como a chuva

Moshé ensina ao povo que é preciso responder louvando D’us toda vez que Seu Nome é mencionado.

A obra de D’us é perfeita; todas as Suas vias são absolutamente justas

Moshé explica aos judeus que qualquer pecado tem sua origem nele mesmo; não é a D’us que se deve blasfemar

SEGUNDA PARTE DO CANTO, versículos 7 a 14

As bondades de D’us para o povo judeu são enumeradas

TERCEIRA PARTE DO CANTO, versículos 15 a 18

Moshé profetisa que os judeus vão pecar e se revelar contra Hashem

QUARTA PARTE DO CANTO, versículos 19 a 25

O castigo

QUINTA PARTE DO CANTO, versículos 26 a 35

A destruição com que D’us pensou castigar o povo judeu e porque Ele se absteve de fazê-lo

ÚLTIMA PARTE DO CANTO, versículos 36 a 43

Consolo do povo judeu e promessa divina: a justiça será feita sobre seus opressores

Moshé e Iehoshua ensinam ao povo o canto de Haazinu. Moshé explica a Bnei Israel que cada letra da Torá é plena de sentido

Hashem manda Moshé subir ao Har Nevo para contemplar Erets Cnaan

Resumo da Parashá:

O Admor Hazaquen disse um dia ao Tsémach Tsédec: “meu Mestre, o Maguid de Mezeritch, fez um comentário que começava com as palavras: “E voltarás até o Eterno teu D’us.”

Ele explicou que a Tshuvá deve ser “até o Eterno teu D’us”, até que D’us, que transcende os mundos, seja “teu D’us”.

“Eloquim”, D’us, tem o mesmo valor numérico que “Hatéva”, a natureza. No princípio, Eloquim criou o mundo.

Todos os discípulos ficaram maravilhados com este comentário. O Tsadic Rabi Meshulam Zussia de Anipoli disse que não poderia alcançar uma Tshuvá tão alta. É esta a razão pela qual ele preferia cortar esta. Porque a Tshuvá está composta pelas iniciais de:

Tav: “Tamim”, será íntegro para o Eterno teu D’us.

Shin: “Shiviti” Coloco o Eterno sempre na minha frente.

Vav: “Veahavta”,  amarás teu próximo como a ti mesmo.

Bet: “Be Col Derachechá”, em todas as tuas vias, conhece-O.

He: “Hatsná Lechet”, seja humilde diante do Eterno teu D’us.

*****

SHABAT TSHUVA ou SHUVA

Este Shabat é o que cai entre Rosh Hashaná e Iom Quipur.

Quando se fala de Shabat Tshuva (retorno a D’us), se está referindo ao mandamento divino de fazer Tshuva.

Quando se fala de Shabat Shuva (outra vez), se está referindo ao fato de estar fazendo ou de já ter feito Tshuva.

O Rebe pergunta então, se na segunda alusão de Shuva, a pessoa já fez Tshuva, a ordem já tinha sido dada antes. Porque, então, os dois nomes?

E o Rebe responde: Mesmo quando se está no nível de fazer Tshuva, tem que saber que depois vai ser dada outra vez a ordem de fazer Tshuva. Isso porque no dia seguinte ao que se fez Tshuva o nível alcançado pelo indivíduo é mais elevado, e consequentemente, o nível de Tshuvá que precisa se fazer é também maior. Ele explicou isso por meio do seguinte exemplo:

Um judeu simples percebeu que toda noite o R. Saadia Gaon chorava, dizendo que tinha errado. O judeu lhe perguntou: “Você que estuda Torá o dia todo, porque tem que fazer Tshuvá?” Ele respondeu: “Cada dia crescemos um pouco então a Tshuvá de ontem já não é suficiente!”

***

Contou o Rebe:

Quando meu Melamed (professor) me ensinou Haazinu ele quis me ensinar o mais importante, o essencial da parashá, e me contou a seguinte história:

“O Rav Moshé Ben Nachman, Haramban, era o professor de Rav Avner. Num dia desses, Rav Avner abandonou o caminho do judaísmo e se converteu para os outros. Ele obteve muito sucesso entre os não judeus e se tornou uma pessoa célebre e até um ministro considerado no seu país. Ele alcançou a cúpula entre os goim. Para mostrar o seu ódio pelos judeus ele enviou um mensageiro para forçar o Ramban a ir vê-lo no meio do dia, em pleno Quipur. Quando este chegou, o Rav Avner mandou matar um porco na sua frente, cozinhou-o e o comeu nesse dia de Quipur, sob o olhar do seu mestre e rabino. O Ramban ficou profundamente decepcionado e triste e perguntou ao seu aluno: “como pudeste chegar a isso, a te converter?” “Foi por sua causa. Seus ensinamentos me trouxeram a isso” respondeu Rav Avner. “Uma vez quando me ensinavas a parashá Haazinu” prosseguiu “você falou no seu discurso que todos os judeus do mundo, todas as mitsvot, estavam incluídos na parashá Haazinu!!! Não acreditei. Como é possível que uma parashá tão pequena possa conter tudo isso sobre o mundo? Não pude acreditar e cheguei a essa conclusão: todos teus ensinamentos, Ramban, não são verdadeiros. E abandonei a Torá”. Ao ouvir isso o Ramban respondeu: “eu disse e digo outra vez. A parashá Haazinu inclui o mundo inteiro.” Avner se surpreendeu: “Se é assim então me mostra. Quero ver o meu nome na Parashá!” “Se essa é a tua vontade, eu vou te mostrar” disse o Ramban. Ele se virou para um canto para rezar para D’us e pedir ajuda a Ele. D’us ouviu a sua voz e o guiou e lhe mostrou o versículo que continha a alusão ao nome Rav Avner, em cada terceira letra de cada palavra no versículo 26 do capítulo XXXII do Deuteronômio: ‘Eu teria dito: Abandoná-lo-eis ao seu próprio destino, farei cessar, dentre os homens, a sua memória’ O Ramban voltou-se e disse: “A parashá Haazinu, capítulo XXXII versículo 26 menciona teu nome! Leia a terceira letra de cada palavra e você vai achar o teu nome escrito,                                             Rav Avner...”

Ao encontrar o seu nome escrito, ele caiu sobre sua cabeça e lamentou e se arrependeu completamente fazendo tshuva e pedindo ao seu Rabino se seria possível fazer algo para reparar esta situação e o qué. O Ramban disse sim, é possível; faça o que está escrito no passuc: ‘apagarei a sua lembrança’. Esconda-se deste mundo e tua lembrança, apaga-a dentre as criaturas. O Ramban foi embora. Logo depois Rav Avner entrou num navio onde não havia nem marinheiros nem remadores, e deixou-se levar pelo vento realizando o que o versículo dizia: ‘E apagarei sua memória entre os homens’.

Esta história tem algo de maravilhoso e de chocante. Qual a razão da parashá mencionar o nome deste estudante , um judeu que havia se convertido como disse Rashi, com o prefixo de Rav e não disse apenas Avner. A Torá nos ensina com isso o poder grandioso da Tshuvá. Quando o judeu faz Tshuva completa e sincera, das profundezas do seu coração a Torá então o qualifica como um Rav. Mesmo se no passado ele estava em meio à situação descrita e mesmo se ainda é como um Rashá, a Torá nos diz que no final ele acabará fazendo Tshuva. Ele merece, portanto, o título de Rabai. A parashá Haazinu é chamada por muitos de Parashá Shuva nos 10 dias de Tshuva: assim se encontra a alusão à força maravilhosa e grandiosa da Tshuvá.

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ROSH HASHANÁ

Tishrei  1-2 - ROSH HASHANÁ

Rosh Hashaná é o dia em que D’us concluiu a criação deste mundo, criando Adam, o homem original. O primeiro ato de Adam foi proclamar o Todo Poderoso como Rei do universo. Ele convocou todas as criaturas: “Venham, vamos prestar culto, inclinar-nos e curvar-nos diante de D’us nosso criador”. A cada Rosh Hashaná, nós também proclamamos o reino de D’us e reafirmamos nosso compromisso de servi-Lo bem. Exatamente como no Rosh Hashaná original, D’us criou o mundo pela primeira vez, de modo que a cada Rosh Hashaná, ele reconsidera e reavalia a qualidade do nosso relacionamento com ele, e cria nosso mundo de novo.

Comidas Especiais para ROSH HASHANÁ

É costume comer em Rosh Hashaná comidas que simbolizam a doçura, as bênçãos e a abundância. Mergulhamos a chalá no mel; e um pouco mais tarde, na primeira noite, quarta feira 1 de outubro, comemos um pedaço de maça mergulhada no mel. Outro costume inclui comer a cabeça de um peixe, romã e cenouras.

O ANO NOVO

Para nós, judeus, o dia do ano Novo não é um dia de regozijo, pelo contrário é um dia solene de orações. Neste dia, o Criador recorda todas as criaturas do mundo e as julga de acordo com seus méritos.

Apesar do caráter austero desta jornada, sabemos que o Juiz Supremo do universo é um juiz bom e misericordioso. Ele não quer nos castigar e só pede uma coisa: que sigamos as leis e regulamentos que Ele nos deu para nosso bem. Ele fez desta jornada um dia de perdão e de piedade.

O dia de Rosh Hashaná, nós, os judeus, estamos prontos. Durante o mês de Elul tocamos o Shofar (chifre de carneiro) na sinagoga (exceto quando cai no sábado) anunciando assim a aproximação de Rosh Hashaná.

Durante o mês de Elul, os judeus observam de modo particularmente estrito os preceitos religiosos. Eles consagram mais tempo às orações, prodigam em abundância a caridade e o amor, firmemente decididos a abandonarem os maus hábitos e as ações do passado. Aqueles que fazem penitência e são sinceros no seu arrependimento, sentem uma estado de alma maravilhoso, como se uma mão os tivesse aliviado de uma carga pesada pertencente ao passado. Eles têm o sentimento de estar recomeçando uma nova vida pura e sem mácula, como a de um recém nascido ou de uma criança.

É com esse sentimento que o judeu entra na sinagoga na primeira noite de Rosh Hashaná. Ele se sente próximo de D’us, fazendo as orações se elevarem das profundezas do seu coração.

O LIVRO DA VIDA

Ao voltar da sinagoga, desejamos aos membros da família “Bom Iom Tov. Leshaná Tová Ticatev Vetechatem”(uma boa festa e um feliz ano). Ao pronunciar estes votos, podemos quase imaginar os três grandes livros abertos diante de D’us: o Livro dos Justos (não seremos inscritos nele, porque ele contém muito poucos nomes); o livro dos Maus (também não figuraremos nele, D’us obrigado); e o Livro Intermediário, no qual provavelmente figuraremos com nossas boas e más ações se compensando umas às outras. Mais uma só Mitsvá e a balança estará a nosso favor. De fato, supondo que o número das más e das boas seja igual, temos até a possibilidade de fazer a balança se inclinar em favor da humanidade inteira. Que pensamento grandioso sugerido por nossos Sábios!

O shofar

Nos dois dias de Rosh Hashaná, 2 e 3 de outubro, ouvimos durante o dia o som de pelo menos os primeiros trinta dos toques prescritos de shofar, o chifre de carneiro. O shofar, o instrumento de vento mais antigo e mais nobre, tem vários significados. Entre eles:

*  proclama a coroação de D’us como Rei do universo,

*  nos ‘desperta’ para o arrependimento e para o retorno a D’us,

*  nos recorda o shofar ouvido no Monte Sinai quando aceitamos os mandamentos de D’us para sempre,

*  representa o grito primal, simples, da profundeza da alma,

*  é o presságio do chamado do ‘Grande Shofar’ que D’us vai tocar com a vinda de Mashiach que vai nos dirigir para fora do exílio para a Terra Santa, em breve em nossos dias.

Tashlich

No primeiro dia de Rosh Hashaná, após a oração da tarde, nos dirigimos a uma massa de água ou uma represa contendo peixes vivos e fazemos as orações de Tashlich, nas quais “expulsamos” nossos pecados. como os peixes dependem da água, assim nós dependemos da providência divina. Também os olhos dos peixes nunca fecham, simbolizando a vigilância permanente de D’us sobre nós.

ROSH HASHANÁ EM BERDITCHEV

Era o primeiro dia de Rosh Hashaná na sinagoga do rabino de Berditchev, Rabi Levi Itschac.

A sinagoga estava repleta. O rabino de Berditshev estava ele próprio perto do Amud, dirigindo as orações solenes da congregação.

“Nós todos proclamamos Tua Majestade, Oh D’us que nos está julgando...”

A doce e trêmula voz do rabino impressionou profundamente cada um dos fiéis presentes.

Na parte reservada às mulheres, ouviram-se soluços, o bastante fortes para emocionarem a todos aqueles que lá estavam.

“A Ele, que escruta os corações no Dia do Julgamento.”

Ao pronunciar estas palavras, o rabino não pode mais segurar as suas lágrimas e o coração de cada um estava cheio de remorsos e de lamentações. Cada um se via de pé diante do Trono de Glória, presidido pelo Juiz do Universo, para fazer justiça e pronunciar o veredito. “Tenha piedade de nós e faça-nos graça”, este foi o grito inaudível de cada um, vindo das profundezas do coração.

O rabino proferiu a oração solene e, linha após linha, ela era repetida paulatinamente pelos fiéis. Quando ele chegou na frase: “A Ele que adquire Seus servidores ao julgá-los...”, o rabino parou subitamente, não podendo mais pronunciar uma palavra. Seu “Talit”, que ele tinha colocado sobre a cabeça, caiu sobre seus ombros, revelando assim sua figura pálida. Seus olhos estavam fechados e ele parecia em êxtase.

Um tremor atravessou a congregação. Alguma coisa não estava indo bem. Será que a situação tinha ficado crítica na Corte celestial? Todo mundo supôs que os acontecimentos não eram favoráveis para aqueles que tinham implorado o perdão de D’us. O procurador estava certamente a ponto de ganhar...Apenas um suplemento de orações e de penitencia poderiam mudar o veredito...Os fiéis detiveram sua respiração e aguardaram com o coração palpitando.

Alguns instantes mais tarde, o rabino voltou a ele. Sua figura tinha mudado de cor e refletia agora a alegria. Com um voz trêmula de êxtase e de triunfo ele recitou: “A Ele que adquire Seus servidores ao julgá-los...”.

Após o ofício, quando o rabino sentou na mesa rodeado por seus adeptos mais fervorosos, um deles se armou de coragem e lhe perguntou a razão da interrupção durante a oração e o porque exatamente no final desta frase. E o rabino começou a contar:

“Eu estava subindo e chegava nas portas do Céu, quando vi Satan pesadamente carregado. Esta visão me encheu de terror porque entendi que o diabo esta levando uma carga de pecados para derramá-los sobre a Balança da Justiça na Corte celestial. Subitamente Satan depositou a bolsa no chão e se precipitou em direção à terra - sem dúvida para recolher um outro pecado cometido por qualquer judeu infeliz, no mesmo dia da festa. Aproximei-me do saco e comecei a examinar seu conteúdo. Ele estava entupido com todo tipo de pecados: conversa fiada e maledicência, ódio injustificado, ciúme, tempo perdido que deveria ter sido passado estudando Torá, orações proferidas sem sinceridade, etc..., pecados pequenos e grandes. Ao me perguntar o que fazer e como agir, eu sabia que neste instante mesmo, aquele com os milhares de olhos tinha percebido um outro pecado e ia colocá-lo na sua bolsa. “As coisas estão mais para ruins”, eu me disse. E comecei a tirar da bolsa um pecado atrás do outro para examiná-los de mais perto. Percebi que quase todos os pecados tinham sido cometidos sem querer, de boa fé, por pura ignorância. Nenhum judeu era verdadeiramente mau, mas as circunstâncias devidas ao exílio, à pobreza, e aos rigores da vida endurecem às vezes seu coração, deixam seus nervos tensos, provocam pequenos ciúmes, etc.

E coisa estranha, ao examinar os pecados e ao procurar sua causa verdadeira, parecia que eles estavam indo embora, desaparecendo um por um, até que a bolsa ficou completamente vazia. A bolsa ficou mole, ao estar vazia. No instante seguinte, ouvi um grito horrível. Satan tendo voltado e tendo descoberto o que eu tinha feito, estava irado e berrava: “Ladrão! o que você fez com meus pecados?”. Ele segurou a minha barba e as minhas “Peot”, aos gritos: “Ladrão, o ano todo trabalhei para juntar esses preciosos pecados e agora você os roubou de mim. Você vai pagar em dobro.”

Como posso te pagar”, respondi. “Meus pecados podem talvez ser muitos mas não são tão numeroso quanto esses”.

“Você conhece a Lei”, explicou o outro. “Aquele que rouba deve pagar o dobro e se não pode fazê-lo. ele será vendido como escravo. Você é agora meu escravo. Vem comigo”.

O pensamento de ser o escravo de Satan me deixou perplexo e quase desmaiei.

Finalmente, ele me levou diante do Assento de Glória e expôs seus agravos diante do Juiz do Universo.

Após escutar as queixas de Satan, D’us bendito seja Ele disse: “Eu o comprarei como Eu prometi pelo meu profeta Isaias (46:4): Até a vossa velhice, Eu serei o mesmo: até a vossa branca velhice, Eu os carregarei. Eu já o fiz e eu continuarei a sustentá-los. Eu vos levarei e Eu vos salvarei”.

Foi neste momento que voltei a mim. concluiu o rabino de Berditchev. Agora, entendo o significado das palavras: “A Ele que adquire Seus servidores ao julgá-los”. Nós somos os servidores de D’us e se nós somos servidores leais, D’us nos protege e tem piedade de nós. Sejamos leais servidores de D’us e não seremos escravos e ao comportar-nos desta maneira, o Eterno nos inscreverá no Livro da Vida, para um feliz ano novo.

CHANA

No primeiro dia de Rosh Hashaná, lemos na Torá o nascimento de Itschac: Sua mãe, Sara, não podia engravidar até que o Eterno ouviu as suas preces e lhe deu de presente um filho. A Haftará que, em geral, trata de um assunto próximo ao do capítulo correspondente da Torá, nos conta o nascimento do profeta Samuel. Chana, a mãe de Samuel, ficou sem filhos longos anos. Finalmente, D’us atendeu as suas orações e Samuel nasceu. Esta história nos demostra qual a força que uma oração pode exercer e a aproximação que ela cria entre o homem e D’us.

Chana foi uma das sete mulheres à quem D’us deu o poder de profetizar, porque tivemos ao todo sete profetizas e quarenta e oito profetas, cujas profecias são mencionadas no Tanach.

A história do primeiro capítulo do livro de Samuel, que lemos no dia de Rosh Hashaná, nos apresenta primeiro o personagem de Elcaná, o marido de Chana. Ele era um Levita (pertencia à tribo de Levi), e morava em Ramataim Tsofim, na montanha de Efraim. Elcaná era um homem de um caráter nobre e muito piedoso. Ele precisou constatar com lamentações que muitos judeus se afastavam de D’us. Ele decidiu, então, interessá-los ao centro espiritual de Shiló onde Eliahu, o sumo Sacerdote, ocupava nesta época a função de Juiz. Seguindo a ordem da Torá, Elcaná se dirigia em peregrinação para Shiló para cada uma das três festas. Ele e sua família passavam as festas na atmosfera religiosa da Cidade Santa onde se encontrava o santuário. Muitos seguiam seu exemplo e se reuniam a ele e à sua família quando os viam deixando a cidade com um ar de festa. Foi graças à influência de Elcaná que laços mais estreitos se desenvolveram entre o povo judeu e seu centro espitirual Shiló.

Chana era uma das duas mulheres de Elcaná. Ela era estéril. Apesar de não dizer nada, ela sofria muito com este estado de coisas e era obrigada a suportar afrontas de Penina, a segunda esposa, que tinha mais sorte que ela porque tinha filhos.

Um dia, durante uma das peregrinações anuais a Shiló, Chana se encontrava no Santuário, implorando a D’us e derramando muitas lágrimas. Ela pedia a D’us para abençoá-la com um filho, prometendo consagrar toda a vida deste filho ao Eterno. Ela estava falando com ela mesma, inclinada e ligeiramente titubeante. Eliahu, vendo-a, pensou que ela estava ébria. Ele a recriminou por ter entrado no Santuário em estado de ebriedade; mas Chana respondeu com dignidade: “não, meu senhor. Sou uma mulher cujo coração está aflito; não bebi nem vinho nem licor forte, mas abro minha alma ao Eterno”. Eliahu, dando-se conta da grande piedade e da imensa pena desta mulher, respondeu-lhe: “Vai em paz e que D’us de Israel outorgue o pedido que Lhe dirigiste”. Chama agradeceu amavelmente e foi embora feliz, porque sentia que sua oração tinha sido acolhida favoravelmente.

Algum tempo depois, ela deu à luz um filho que denominou Samuel, que quer dizer: Eu o pedi ao Eterno. A alegria de Chama era sem limites. Os primeiros anos ela guardou a criança em casa mas depois, por causa da promessa que tinha feito, o levou a Shiló, oferecendo na mesma oportunidade um sacrifício de gratidão a D’us. Confiando seu filho à guarda do Sumo Sacerdote, Eliahu, Chana disse: “Meu Senhor...Eu sou aquela mulher que estava em pé perto de ti para rezar ao Eterno. É por este filho que eu rezava. O Eterno acordou o meu pedido, que Lhe havia dirigido”. Ela lhe contou o voto que tinha feito, deixando seu filho querido sob a proteção de Eliahu para que Samuel fosse criado na atmosfera religiosa do santuário. Vocês pensam que talvez Chana estava triste por deixar seu filho, por quem tinha orado tanto durante longos anos. Pelo contrário, ela estava cheia de alegria, quando pronunciou uma oração na qual dizia: “O Eterno faz meu coração vibrar de alegria”.

Lendo as palavras inspiradas da profetiza, entendemos logo o quanto convêm para o Dia do Julgamento, Rosh Hashaná, quando D’us decide a sorte de cada pessoa, daqueles que viverão, daqueles que serão ricos, daqueles que serão honrados, etc.

Nossos Sábios explicam que a profetiza Chana nos ensinou muitas coisas importantes. Uma delas é fazer as orações murmuradas. Como se sabe, temos o “silencioso” Shmoné Esré, que é repetido logo depois em voz alta pelo Chazan (quando o ofício acontece na sinagoga). O “silencioso” Shmoné Esré que dizemos em voz muito baixa, apenas audível, da maneira que a oração foi pronunciada por Chana, é a parte mais importante da nossa reza. A melhor oração é aquela pronunciada em murmúrio, quando nosso coração está pleno e que estamos fascinados pela presença do Todo Poderoso.

O CHAMADO DO SHOFAR

O Baal Shem Tov dizia que o som do Shofar é como o chamado emocionante de um pequeno príncipe que se extraviou na floresta e que grita: “Pai, socorro, me salva, pai.”

Viver com a Parashá:

Rosh Hashaná:

Um dos aspectos mais importantes de Rosh Hashaná representa o tempo da Coroação do Ser Supremo, Rei de Israel e do universo. O caráter deste dia é marcado por esta súplica que formulamos do fundo do coração: “Reina, Oh Eterno, sobre todo o universo!”

Uma requisição assim implica que estejamos prontos para colocar-nos em um nível apropriado para a Coroação Divina. Quer dizer um estado de submissão total ao Rei, tal que a própria essência do indivíduo e tudo o que ele possui pertence ao Rei sozinho. Este é o verdadeiro conceito de “aceitação do jugo da Realeza de D’us”, que deve se expressar em cada detalhe da vida quotidiana.

O cantinho da Halachá

O que convém fazer na véspera de Rosh Hashaná (este ano quarta feira 01 de outubro)?

Na véspera de Rosh Hashaná, antes da oração da manhã, se recitam numerosas “Slichot” (súplicas). Mas não se diz o “Tachanun” nem os Salmos “Lamenatseach” e “Tefila Ledavid” durante a oração da manhã.

Um enlutado (no período dos 7 dias) pode ir à sinagoga para as Slichot na véspera de Rosh Hashaná. Não se toca o Shofar na véspera de Rosh Hashaná para marcar a distinção entre o Shofar do mês de Elul que só é um costume, e o Shofar de Rosh Hashaná, que é uma obrigação formal. (Entretanto, pode treinar para tocar Shofar num lugar fechado). após a oração da manhã, cada um procede a “Hatarat Nedarim”, a anulação dos votos na presença de dez homens. Alguns têm o costume de jejuar até a oração de Minchá, mas, considerando a fraqueza da nossa geração, convém substituir o jejum por uma doação para Tsedaca (caridade).

Recomenda-se que na véspera de Rosh Hashaná se vá ao cemitério para se concentrar, em particular diante dos túmulos dos Tsadiquim (justos). Neste caso, se emita comer antes, mas é permitido beber. Se não fomos a um cemitério judaico por mais de 30 dias, se diz a bênção: “Baruch... Asher Iatsar Etchem Badin”. Antes de entrar no cemitério, escondemos os Tsitsit. Não se vai a um mesmo túmulo duas vezes no mesmo dia. Ao sair do cemitério, lavam-se as mãos ritualmente sem secá-las.

Convém multiplicar a oração, o estudo e as boas ações e em particular, pedir perdão a todos aqueles que pudemos ter ofendido durante o ano, para estar “limpo” para a oração de Rosh Hashaná. Convém comprometer-se a adotar um bom costume suplementar.

Corta-se o cabelo, vai-se ao Micve e veste-se roupa de festa para mostrar que se tem confiança na justiça de D’us.

Quando acendemos as velas de Rosh Hashaná?

As mulheres, as moças e as meninas acendem velas antes da entrada da festa, fazendo duas bênçãos: “Baruch ...Asher Quidishanu Bemitsvotav Vetsivanu Lehadlic Ner Shel Iom Hazicaron” e “Baruch... Shehechianu Vequiiemanu Vehiguianu Lizman Hazé”.

Na segunda noite se acendem velas mas só depois da caída da noite. Deve se esforçar para vestir uma roupa nova ou colocar uma fruta nova (temos o costume de usar                        ) sobre a mesa para cumprir a bênção “Shehechianu”.

Na segunda noite não se deve riscar um fósforo e sim utilizar uma chama já existente para acender as velas. Convém na véspera destes dois dias de festa, colocar uma Tsedaca dobrada (caridade) antes do acendimento das velas. Não se pode em Iom Tov apontar a base das velas nem derramar um pouco de cera das mesmas para prendê-las no candelabro.

Como se comportar durante Rosh Hashaná?

Tentamos ler tantas vezes quanto possível o conjunto dos Tehilim (Salmos) desde que surja um momento livre. Evitamos assim qualquer conversa fútil. Evita-se dormir durante o dia todo. Temos o costume de não fumar durante Rosh Hashaná, mesmo que discretamente.

Como acontece a primeira refeição da festa?

Após a oração da noite (Arvit) faz-se o Quidush com a bênção Shehechianu (exceto as mulheres que já a fizeram quando acenderam as velas).

Mergulha-se o pão no mel (e não no sal); isto se faz até a festa de Hoshana Rabá. Tem-se o costume de mergulhar um pedaço de maçã doce no mel e de fazer a bênção “Baruch... Borá Peri Haets”, e de dizer “Iehi Ratson Milfanecha Shetechadesh Aleinu Shana Tova Umetuca” antes de comê-la.

Comemos também romã, uma alusão aos nossos méritos, que desejamos sejam numerosos como os grãos deste fruto. Comemos da cabeça de peixe ou de carneiro para que “estejamos na cabeça e não no rabo”. Comem-se cenouras (“Meren”) cozidas em açúcar ou mel, e bolo de mel (“Lecach”). Não se comem comidas muito picantes, nem nozes.

Como acontece a segunda refeição da festa?

É costume colocar diante da pessoa que faz o Quidush uma fruta nova, por exemplo                       , sobre a qual não se fez ainda a bênção “Shehechianu”. O oficiante vai olhar para ela quando fizer esta bênção. Mesmo se não tem uma fruta nova, a bênção é proferida. Comemos a fruta nova (com a bênção “Haets”) após o Quidush mas antes de lavar as mãos para a refeição.

Qual é a Mitsvá mais importante de Rosh Hashaná?

É preciso fazer um esforço, mesmo se for difícil ir para a sinagoga, para escutar o som do Shofar, inclusive as crianças.

Quando fazemos Tashlich?

Após a oração da tarde (Minchá), (quinta feira 2 de outubro)nos dirigimos a um curso de água onde há peixes ou a uma fonte e fazemos a oração de Tashlich. Depois sacudimos os cantos do “Talit Catan”. Não se jogam alimentos na água para os peixes.

Quando fazemos Havdalá?

Só se faz Havdalá na saída de Shabat (4 de outubro) como de costume.

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