top of page

Eternidade da Alma

A ETERNIDADE DA ALMA

CARTA DO REBE, MENACHEM M. SCHNEERSOHN de Lubavitch

Recebi a carta na qual o Sr. me informa sobre o decesso da sua mãe (possa o Sr., seus filhos e seu pai viverem por muito tempo), e onde faz reflexões e expõe os sentimentos que estes fatos suscitaram no Senhor.

É verdade que ninguém no mundo pode sondar as vias de D’us, que criou o homem, o dirige e o observa com uma atenção especial. Não há dúvida que Ele é a Essência do bem, de acordo com a expressão “Ele está na natureza do bem, de fazer o bem”. O fato de algumas vezes D’us fazer coisas que o espírito humano não pode alcançar não é nada surpreendente: como um ser limitado, finito, pode se comparar com o infinito, o ilimitado? e especialmente, como o homem pode se comparar com o Infinito Absoluto, D’us?

Entretanto, D’us desejou revelar uma parte da Sua sabedoria para o homem, feito de carne e sangue. Essa revelação é possível graças à Torá, chamada “Torá de Luz” e Torá de Vida”, na medida em que a Torá ilumina o caminho do homem, como um letreiro luminoso que mesmo suas faculdades limitadas podem captar. No que diz respeito ao senhor, pode encontrar-se, aprofundando nas fontes da tradição escrita e oral, uma explicação, pelo menos parcial, para o que ocorreu consigo e que o atingiu tanto. Esta explicação se relaciona com duas leis que ditam nossa conduta nestas circunstâncias. A priori, elas parecem contraditórias embora tenham sido citadas no mesmo parágrafo do Código das Leis Judias.

O parágrafo começa assim: “a pessoa não deve se atormentar em forma excessiva (quer dizer além do que nossos sábios prescreveram); aquele que se aflige além da medida ...”

Entretanto, no final do parágrafo, está escrito: “Aquele que não se enluta da maneira que nos é prescrita por nossos Sábios é uma pessoa cruel ...”

Então enlutar-se é, na verdade, uma coisa natural; porque recriminar aquele que se atormenta além da medida?

E se, por outro lado, uma aflição excessiva não é aconselhável, porque aquele que negligencia os rigores do luto é considerado cruel?

Devemos procurar a explicação na conclusão das Leis sobre luto que diz o seguinte: “É preciso preocupar-se em fazer um balanço das ações e procurar arrepender-se”. Obviamente, a alma é eterna; portanto uma doença física não pode dar fim nem diminuir a vida da alma; ela só pode danificar o corpo, como também o laço que o une à alma.

Em outros termos, quando a morte da um fim a este laço, a alma se eleva, se libera das correntes e das limitações do corpo. Graças às boas ações que a sua mãe realizou durante a vida aqui em baixo, ela se elevou a um nível infinitamente superior ao que precedeu sua descida no corpo. Nas palavras dos nossos sábios: “A descida da alma é uma descida que visa uma ascensão superior ao status anterior”.

Consequentemente, o círculo de amigos da sua mãe, seus parentes, devem saber que a alma dela se elevou a um nível superior. Infelizmente, aos nossos olhos, para nós que vivemos neste mundo, o desaparecimento é uma perda. Quanto mais a elevação desta alma é preciosa para seus parentes, mais seu desaparecimento é uma fonte de sofrimento e de aflição. Seríamos até tentados a pensar que esta alma teria podido alcançar um nível espiritual ainda mais sublime se tivesse ficado neste mundo, como nossos sábios nos ensinaram na Mishná: “um instante de arrependimento e boas ações neste mundo é preferível a todo o Mundo Futuro”.

Portanto, já que o acontecimento que o toca compreende dois aspectos contraditórios: por um lado a liberação da alma dos seus limites corpóreos e sua ascensão a um mundo superior, o Mundo da Verdade, e pelo outro, a perda real que o Sr. ressente por esse fato, resultam disso as duas leis relativas ao luto de que falamos acima: A Torá da Verdade exige que se faça luto durante o período determinado por nossos Sábios (isso corresponde à perda do ser querido); Pelo outro lado, é proibido manter luto de maneira excessiva (quer dizer que não se deve exagerar na intensidade do luto durante estes dias) por se ter consciência da elevação da alma da finada  a um nível superior.

A principal causa do luto é sempre a perda de um ser querido para os vivos. E a sua finalidade é fazer entender aos vivos porque mereceram essa perda. Por isso se exorta: “É preciso preocupar-se em fazer um balanço das ações realizadas, procurando arrepender-se”.

Esta atitude ocasiona mais uma vantagem: o estabelecimento de um vínculo estreito e durável entre os vivos e a alma que deixou este mundo. Já que a alma é, de fato, eterna, ela vê e observa o que acontece entre aqueles que estão próximos dela.

Cada boa ação que o seu entorno próximo faz lhe provoca prazer e particularmente, as ações daqueles que ela educou e que, por influência da sua educação e diretivas, continuam a conduzir-se conforme à sua vontade.

Em outras palavras, sua mãe tem uma parte nestas boas ações que resultaram da educação que ela deu aos filhos e amigos.

Essas são as diretivas da nossa Torá. Sabedoria e Vontade de D’us e seu cumprimento fazem parte do nosso serviço de D’us, do que está dito: “Sirvam a D’us com alegria”.

Um ensinamento da Torá constitui também uma fonte de vitalidade e de força que nos permitem colocá-la em prática. Consequentemente, já que a Torá da essas diretivas a cada indivíduo, desde já cada um de nós tem a capacidade de traduzi-las em atos concretos e além do mais, deve fazê-lo com alegria.

Com minhas bênçãos,     M.M.Schneersohn

bottom of page