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Piadas

Krenk (substantivo)

Do alemão krank: "doente"

1. Uma doença. Estar krank é ter um krenk.

Não teria incluído uma palavra tão corrente se krenk não fizesse parte de algumas horríveis maldições que os velhos judeus ainda utilizam. "Que um krenk o leve!"

2. Nada. Utilizado com ironia: "Ele me pediu dez dólares! Um krenk eu dei para ele!"

 

G A Sra. Kaminski telefona para um psiquiatra famoso.

"É o senhor o meshuguener", doutor?

-          É, minha senhora, digamos que sou psiquiatra.

-          Gostaria de vê-lo. Acho que tenho um krenk na minha psicologia. Mas me diga antes, quanto o senhor cobra?

-          Senhora, trinta dólares a hora.

-          Oy! Trinta dólares para uma hora? Exclama a senhora Kaminski. Eu posso estar krank mas não sou meshugue!" Adeus!"

 

Kréplech (subst. Plural)

Do alemão Krepp; equivalente ao francês crêpes, em português panquecas.

Utiliza-se sempre no plural. É tão gostoso que não se pode contentar com uma só.

Pequenas panquecas recheadas, quadradas ou triangulares, parecidas com os raviolis italianos que contêm carne moída ou queijo e que também são servidas dentro do caldo.

Os Kreplech são tradicionalmente degustados em Purim, em Rosh Hashaná e na véspera de Iom Quipur.

 

G Muito preocupada com respeito ao seu filho Sydney, a Sra. Kushner vai ver um psiquiatra da escola.

"Meu Sydney não quer mais comer Kreplech. Mal vê um, me faz uma dessas febres!

- Mostre exatamente ao seu menino o que são os Kreplech, aconselhou o médico, para que cada um dos ingredientes se torne familiar. Explique a ele todo o processo da sua confecção e do seu cozimento. Se a senhora fizer isso com muita calma e paciência, vai ver que a causa da sua ansiedade desaparecerá."

Na mesma noite a Sra. Kushner pegou o pequeno Sydney e o sentou num banco alto na cozinha. Ela lhe sorriu com ternura e explicou com uma voz tranquilizante:

"Olha, Sydnele querido. Aqui na mesa eu coloco um quadradinho de massa de pão. Massa de pão, está bem? A mesma que uso para fazer o pão que você gosta tanto. Você está me seguindo? E no meio desse delicioso quadradinho eu coloco um pouco de carne moída. A, que boa ca -car-canezinha! ... Depois, eu dobro um canto do quadrado de massa, - assim -, e dobro o segundo canto como fiz com o primeiro, e depois é a vez do terceiro lado. Olha como fica bonito, parece até um chapéuzinho. E o que a mamãe vai fazer agora? Ela vai dobrar o último lado; bem, me diz: o que você está vendo?"

E o pequeno Sydney berrou: "Kreplech! Kreplech, Kreplech!"

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Rebetsen (substantivo)

A esposa do rabino.

 

A rebetsin desempenhava um papel muito importante nas comunidades judias de outrora: era freqüente ela substituir a mãe dos estudantes do seu marido. Como a mulher de César, se supunha que ela se comportasse como modelo de integridade; seu grau de rebetsen fazia dela necessariamente o braço direito do rabino e o anjo da comunidade.

Tem um ditado (naturalmente, tem sempre um ditado) que diz: “mas vale estar próximo da rebetsen que do rabino.”

A rebetsen moderna ensina muitas vezes em escolas da congregação, da conferencias para organizações femininas, visita doentes, conforta infelizes e serve de anfitriã em muitas ocasiões. E como a esposa do presidente de uma universidade, ou qualquer esposa de um alto funcionário, ela é cuidadosamente “examinada” pelo conselho de administração da congregação antes do seu esposo ser definitivamente contratado como guia espiritual.

G "Toda rebetsin é uma feiticeira! Se não, como explicar que ela consegue criar uma família com o salário de um rabino?"

 

kayn aynorá

Pronunciar kaïn aïnorè

Do alemão kein: "nenhum"; e do hebraico ain hará: “mau olhado”.

1. Expressão mágica pronunciada para afastar o mau olhado, fórmula automática para proteger uma criança ou um ser querido

2. Expressão que se acrescenta depois de um elogio para mostrar com certeza que este não foi inspirado pela inveja; por exemplo: “este homem é um anjo, kayn aynoré."

 

G Um patriarca judeu está no banco das testemunhas.

"Qual é a sua idade? Pergunta o presidente do tribunal.

-         Oitenta e um anos, kayn aynoré!

-         Responda simplesmente à pergunta, diz secamente o presidente. Mais nada. Agora repito minha pergunta: qual é a idade do senhor?

-         Tenho oitenta e um anos, kayn aynoré! Disse de novo o velho.

-         A testemunha deve responder à pergunta sem outro comentário ou será perseguido por ofensa à Corte, insiste o magistrado.”

O advogado da defesa se levanta.

“Senhor presidente, posso fazer a pergunta? ...”

Se vira para o velho e fala: “Kayn aynoré, qual é a idade do senhor?”

E o velho responde: “Oitenta e um anos!”

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Um judeu imigrante chegado há pouco entra num restaurante Casher.

O garçom que enche seu copo de água é - gottenyou! - chinês!

Esse mesmo chinês começa a recitar o menu rapidamente, num idish perfeito, utilizando, inclusive, o resmungo, os suspiros e os ni ni habituais.

Na hora de pagar a conta, o cliente pergunta ao caixa:

“O senhor é o balébus? (proprietário do negócio)

-         Quem o senhor quer que eu seja?

-         Olha, apreciei muito a refeição mas muito mais ainda o fato do seu garçom falar um idish tão bom!

-         Sha! Murmura o balébus, ele pensa que estamos ensinando inglês para ele!”

 

 

2.

Num ônibus de Tel Aviv uma mãe fala animada, em idish, com seu garotinho, que lhe responde em hebraico. E a cada vez a mãe lhe diz: “Não, não, fala em idish!”

Impaciente, um israelense que está ouvindo tudo, exclama:

“Senhora, porque insiste para que esse garoto fale em idish em vez de falar em hebraico?”

A mãe contesta: “Não quero que ele esqueça que é judeu.”

Esta mãe tinha compreendido o que Israel Zangwill quis dizer quando escreveu que o idish incorpora a própria essência de uma vida muito especial e que não se parece a nenhuma outra.

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B’SD

 

AS ALEGRIAS DO IDISH

Livro de Leo Rosten

I -

Allrightnic – do inglês all right, literalmente: “direto”; “correto”, “tudo bem”, ao qual se acrescentou o incomparável sufixo nic. É puro yinglish.

Quer dizer:

1.    Alguém que tem sucesso, fez tudo bem e o demostra ostensivamente.

2.    Novo rico, com todos os acessórios.

G O rabino pede uma contribuição para sua obra social a um judeu rico.

O allrightnic se recusa. “Esses caras não prestam, diz. Se são pobres, a culpa é deles!

-         Então vem até a janela, olha para fora, o que está vendo?

-         Eu vejo ... gente.

-         Agora olha nesse espelho, o que está vendo?

-         Eu me vejo. Porque?

-         Não é estranho, suspira o rabino; quando você recobre um vidro claro com um pouco de prata, você só vê a você mesmo.”

 

II -

Apicoiros – (se pronuncia apicoyirosse)

De Epicuro, o filósofo grego, citado pela literatura rabínica.

1.    Um incrédulo, um cético, um agnóstico, um ateu.

2.    Um judeu que não observa as práticas religiosas. A Mishna diz: Todos os Judeus têm sua parte no mundo futuro exceto aquele que diz que a ressurreição não existe. Aquele que diz que a Lei não foi dada por D’us, este é um apicoiros.

G Sempre gostei desta charmosa história do jovem estudante brilhante que vai visitar o velho e sábio rabino e que exclama:

“Eu preciso lhe dizer a verdade, me tornei um apicoiros, não acredito mais em D’us!

-         E por quanto tempo, pergunta o Ancião, você estudou o Talmud?

-         Cinco anos, diz o estudante.

-         Só cinco anos, suspira o rabino. E você se atreve a achar que é um apicoiros?”

 

III -

G Alguém perguntou um dia a um sábio:

“Porque você estuda tão lentamente mas reza tão rápido?

- Porque, suspirou o sábio, quando rezo, eu falo com D’us; mas quando estudo, é D’us que fala comigo.”

 

IV -

G Um tal de Goldberg, natural de Pinsk, resolveu viajar para os Estados Unidos. Na sala de jantar do navio, ele divide a mesa com um francês. Goldberg não fala nem francês, nem inglês; o francês não fala nem russo nem idish.

No final do primeiro dia, o francês se aproxima da mesa, se inclina e diz: “Bom appétit” (Bom apetite).

Goldberg hesitou um pouco, se inclinou também e respondeu: “Goldberg”.

Todo dia, em cada refeição, o ritual se repetia.

No quinto dia, outro passageiro chama Goldberg à parte:

“Escuta, o francês não está dizendo o nome, ele está desejando-te um bom apetite; é isso que ‘bom appétit’ significa.”

Na refeição seguinte, Goldberg, radiante, se inclina para o francês e lhe diz:

“Bom appétit!”

E o francês, radiante, responde: “Goldberg!”

 

V -

Bulvon – Do eslavo: “pateta”, imbecil.

Um fraco de espírito.

Poucas palavras são tão sarcásticas quando bulvon. “Qualquer bulvon teria podido fazê-lo”. Um bulvon não tem nem sensibilidade nem discernimento.

G Um bulvon está se preparando para seu primeiro encontro com uma moça e pede a um amigo que o aconselhe:

“As meninas não gostam de mim, diz o bulvon. Mas com você as coisas vão bem; como é que você faz? O que é preciso dizer a uma “dama”?

- Vou te revelar o segredo, responde o Casanova. As moças judias apreciam três assuntos de conversa: comida, família e filosofia. Procurar conhecer os gostos culinários da moça é dar-lhe importância. Preocupar-se com sua família mostra que tuas intençòes são honrosas. E falar de filosofia com ela demostra que você reconhece a sua inteligência.”

O bulvon está encantado. “a comida, a família, a filosofia!”

Ele encontra a moça e joga:

“Oi. Tudo bem, você gosta de locshen? (massas)

-         Não! Responde espantada a jovem.

-         Você tem um irmão:

-         Não!”

O bulvon hesita um momento:

“Bom, e se tivesse um irmão, ele gostaria de locshen?”

Isso é que é filosofia.

 

VI -

Bruche – Bruches

1.    Bênção; oração de ação de graças.

2.    Fazer uma bruche é oferecer uma bênção.

3.    É também um nome judeu feminino.

G Meus netos me deixam louca, diz a Sra. Gidwitz ao seu velho rabino ortodoxo; eles querem uma árvore de natas. Rabino, o senhor poderia, como favor especial, fazer uma bruche para essa ocasião?

- Nunca! Disse o rabino. Impossível!”

A Sra. Gitwitz vai então consultar um rabino menos estrito, um liberal.

“Não, respondeu, lamento.”

A coitada da Sra. Gidwitz vai procurar um jovem rabino reformista.

“Eu ficarei muito feliz, afirma. Mas me diga, o que é uma bruche?”

 

VII –

Knacker – Do alemão knacken: “rebentar” ou “fazer explodir”

Um knacker, é aquele que faz tudo melhor que os outros, um campeão em todas as categorias.

1.    Um campeão – sabe disso e age nesse sentido.

2.    Um fanfarrão, só conta vantagens, contente com ele e que o divulga.

O aspecto do “você me viu” é importante: aquele que chega lá mas se mantem modesto não é um knacker.

Ele faz palavras cruzadas com caneta ... só quando olham para ele.

G Durante o serviço de Iom Quipur, um knacker bate no peito rezando muito alto e bem forte; levado pelo entusiasmo, ele começa a gritar: “Eu sou um menos que nada, Senhor, não mereço Tua bondade, sou um no-gudnic (alguém que não é bom), sou mais baixo que terra!”

Do lado do knacker, o coitado do shammes (servidor) também bate no peito e clama suas imperfeições: “Perdoa-me, senhor, eu sou um nada.” Imediatamente o knacker protesta e se dirige novamente a D’us:

“Olha só quem está se achando um nada!”

 

VIII -

Shames – Do hebraico shamash: “servidor”

O bedel, o homem que faz tudo na sinagoga; o servidor de uma congregação de fiéis.

G Um judeu chega correndo numa pequena shul (sinagoga) e da de encontro com o shames que lhe pede o seu bilhete. (Sabe-se que nos dias de festa, os assentos de sinagogas são reservados com antecedencia, por meio de dinheiro).

“Eu não tenho entrada, mas me deixa passar, eu preciso ver Abraham Baum!

-         Ninguém entra sem bilhete! Responde o shames, impedindo-o de entrar.

-         É uma questão de vida ou morte, eu preciso de um minuto apenas e saio logo!

-         Está bem, diz o shames, mas que eu não te pegue rezando!”

 

IX -

G Uma história chassídica:

Um homem simples estava perdido no bosque e ao raiar o dia percebeu que estava sem seu livro de orações. Ele então faz esse pedido ao Todo-Poderoso:

“Meu querido D’us, fiz uma coisa estúpida: não trouxe meu livro de orações. E minha memória é tão fraca que não posso fazer as preces de cor... Mas Tu conheces todas as orações, Senhor, então vou recitar as letras do alfabeto e Tu ordena-as.”

E por causa da sua sinceridade, o Todo-Poderoso considerou esta oração com mais atenção que todas as que Ele ouvira neste dia.

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