top of page

Torá de verdade

Entrevista do Rav Chlame de Paris para o Rabinato do Rio de Janeiro

TORA DE VERDADE - TORA VIVA

1 ) Três milênios

Desde a saída do Egito, seguida pela revelação Divina no Monte Sinai no ano 2448 da criação do mundo, o povo judeu sabia que Hashem criou o mundo em seis dias e «descansou » no sétimo dia. Hashem ordenou a Israel o repouso do Shabat. Graças a este dia de descanso, que se repete todas as semanas, Israel  jamais poderá  esquecer que seu D-s, Hashem, criou o mundo em seis dias.

Hashem fez de Israel Seu povo, o povo eleito. Ele prometeu que jamais nenhum outro povo  tomaria o lugar de Israel na história do mundo.

Os ancestrais ou patriarcas do povo de  Israel são Abrahão, Itzchak e Yaakov. As matriarcas são  Sara, Rivka, Rachel e Léa.

Hashem ofereceu Sua Lei, a Torá, a  Israel, que a  aceitou de boa vontade. enquanto os outros povos a recusavam. Este evento do ano 2448, aconteceu há 3313 anos. De fato, nós estamos agora no ano 5761 da criação do mundo.

As Mitsvot – os Mandamentos Divinos

Na Torá há muitos mandamentos, as Mitzvot. No total existem 613 Mitzvot ou Mandamentos Divinos, que acompanham todos os momentos da vida judaica.

O povo judeu viveu em seu país: a Terra de Israel, durante quase quatorze séculos. Em seguida foi exilado e se estabeleceu em todos os países do mundo, em todos os continentes. Sempre e em todos lugares, a vida judaica foi cantada ao ritmo do cumprimento das Mitsvot. Aconteceu também que  os judeus não observaram as Mitsvot da maneira adequada, mas reconheceram de fato que se afastaram da vida judaica. Eles sentiram que estavam errados.

A maior Mitzvá da vida judaica é o estudo diário da Torá. Aquele que deixa de estudar a Torá sabe que se afastou da vida judaica. Ele se sente culpado. Uma  culpa positiva incentivando-os a corrigir, melhorar suas atitudes, progredir.

Nossa crença (Ler os Treze Princípios da Fé) nos acompanhou ao longo de todas as épocas e em todos os países. Se um judeu  se enfraquecesse na sua fé, ele reconheceria que seu afastamento da vida judaica. Então, ele se sentiria culpado.

2 ) DE 1789 PARA NOSSOS DIAS

Há  dois séculos,ocorreu uma grande mudança  em nossa história. Referimo-nos à emancipação dos judeus.

Até então, o mundo judaico era distanciado do resto do mundo. De um lado,  porque o judeu quis viver sua vida de Mitsvot; ele fez questão de permanecer fiel à sua crença. Para isto, ele se posicionou distante do mundo não-judaico. De outro lado, o mundo não-judaico perseguiu os judeus, e se recusou a outorgar-lhes direitos de cidadãos livres. Além disso, os não-judeus também se perseguiam entre si. Mas, de toda forma, o judeu sempre era excluído, isolado.

A Revolução Francesa de 1789 e suas ramificações na maioria dos países, trouxe um sopro de liberdade e um ideal de igualdade entre os homens. Conseqüentemente,  foi proposto aos judeus alcançar os direitos dos demais cidadãos e também não ser mais o alvo de tantas discriminações ou perseguições. E foi  assim que os judeus foram emancipados. Por um lado, evidente que era uma coisa boa, mas, por outro lado...

Eram numerosos, porém , os judeus que queriam se parecer com os não – judeus, até mesmo na vida religiosa. Eles criaram sinagogas nas quais o culto era inspirado em muitos aspectos aos das igrejas. Imitavam a música da igreja e também copiavam as  vestimentas dos padres ; absorveram até mesmo a influência da  arquitetura cristã. Estas sinagogas foram chamadas então de liberais ou reformistas. As pessoas negligenciavam o respeito ao Shabat e a dos Chaguim (festas); nas orações foi apagada toda evocação à Terra de Israel (Eretz Israel)  e ao Templo Sagrado de Jerusalém (Beth Hamikdash); nas rezas  as pessoas se afastavam do hebraico; a ligação com as convicções judaicas ia se evaporava; o estudo da  Torá desapareceu.

Há uma grande diferença entre os judeus de outrora, que por negligência se afastaram da vida judaica, e que se sentiam culpados, e os judeus liberais ou reformistas, que agem de maneira deliberada.

Quando o judeu se sente culpado, ele não perde a esperança de que voltará a ser consciente e que consertará seus erros. Ele fará  Teshuvá (voltará a se  corrigir). Quando o judeu fizer Teshuvá, irá recuperar seu verdadeiro lugar no seio de seu povo, o povo judeu.

Os liberais e os reformistas cometem os mesmos erros, mas, o que é muito grave, é que eles fingem estar certos e ter razão. Eles criam uma espécie de nova religião, na qual estão acima de tudo e não se sentem culpados de qualquer coisa. Não admitindo que mudaram e se afastaram da vida judaica, eles não desejam voltar ; eles não pensam em fazer Teshuvá. Perderam toda a aspiração de recuperar seu lugares junto ao povo judeu.

Nós vimos acima de que substância é feita a vida judaica. Os liberais e os reformistas criara um mundo que é completamente vazio de substância judaica. A sua vida não passa de uma imitação da vida não-judaica. Ela se  assemelha à vida judaica, da mesma maneira que um modelo se parece com um homem !!! Tudo permanece no mundo da aparência.

3 ) A TENTAÇÃO LIBERAL E REFORMISTA

Quando as famílias judias vivem dentro de um ambiente não - judaico, elas se acostumam ao modo de vida dos não-judeus. Sua tentação é grande : gostam da maneira de se vestir dos não- judeus, o jeito de  falar e pensar que encontram junto a eles e assim por diante. Proporcionalmente a prática da vida judia fica incômoda no dia a dia. Finalmente, eles sentem prazer até mesmo dentro de  uma   religião não -judaica.

Ora, qual é  o valor de uma  religião, se não a VERDADE??? O que sobra da religião, quando se subtraiu dela sua verdade ????

O que permanece do pensamento judeu,da  Inspiração Divina, se ela é falsificada  através de idéias humanistas,que mudam a cada geração ??? O que permanece de nossa relação com Hashem, nosso Criador, se nos faltam as Mitsvoth no quotidiano e se não estudamos o que Ele nos revelou na Sua santa Torá ??? O que fica se não podemos nos comunicar com Ele através das orações, por nossas vidas, por nossa saúde, por nossas famílias, pelos êxitos que procuramos em nossa existência ???

4 ) A ORTODOXIA MODERNA

Quando se constituíram as sinagogas liberais e reformistas, as forças vivas de nosso povo reagiram, constituindo-se um judaísmo ortodoxo. Não se tratava de  fazer algo novo, pelo contrário : tratava-se de preservar a autenticidade da mensagem judaica, dando-lhe uma formulação capaz de sensibilizar o judeu moderno. As sinagogas ortodoxas oferecem ao moderno público judeu a verdadeira vida judaica, que é nosso tesouro há trinta e três séculos. As sinagogas ortodoxas expressam a mensagem de Hashem, a Torah, numa linguagem moderna e agradável. As Mitsvot são cumpridas dentro de um clima bastante simpático, mas com todo respeito e seriedade convenientes. Nossas crenças são afirmadas com convicção e força, mas com grande alegria. Nossas orações são recitadas dentro de um quadro arquitetônico e musical atraente, mas completamente fiel para com nossas tradições. O estudo da Torá é abordado através de uma perspectiva moderna, mas fiel e respeitosa aos ensinamentos dos últimos séculos. A ortodoxia moderna oferece ao seu público um rabinato da mais alta competência, de uma sinceridade e de uma erudição maravilhosas e de uma pedagogia  perfeitamente adaptada. As obras literárias atribuídas à ortodoxia moderna constituem uma biblioteca muito imponente; as obras atingem os mais variados domínios do mundo da Torá. Podem ser encontradas em todos os países e continentes; são traduzidas em praticamente todos os idiomas modernos.


bottom of page