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Sair ou entrar no Egito?

SAIR DO EGITO OU ENTRAR NO EGITO?

Foi em 1967, exatamente depois da Guerra dos Seis Dias. Reb Guershon Ber Jacobson, diretor americano do "Algemeïner Journal" era também um enviado especial do periódico israelense "Iediot Acharonot" em Nova Iorque. Contrariamente a todos os jornalistas que iam para Israel, que acabava de vencer a guerra, ele teve a idéia de ir para o Egito.

Para isso, entrou em contato com o embaixador do Egito nas Nações Unidas, que ele conhecia graças às suas incursões naquele prédio. Este não entendeu a razão súbita para que um jornalista, além do mais um judeu, quisesse ir para o país vencido; isso lhe pareceu inclusive suspeito.

Jacobson explicou-lhe que os israelenses estariam muito interessados em saber o que estava acontecendo e o que se pensava do outro lado. O embaixador era um homem inteligente: ele captou que se tratava unicamente de uma reportagem, sem outro motivo oculto, e prometeu ocupar-se do visto.

Rav Jacobson se apressou em telefonar ao seu chefe em Tel Aviv, prevenindo-o que sua viagem tinha grandes chances de prosperar. Algumas horas depois, entretanto, recebeu um telefonema do chefe dos serviços secretos israelenses: "Não queremos que vá ao Egito!"

-   "E porque?"

-   "Porque depois de lhe dar o visto, eles vão prendê-lo!"

-   "E o que ganhariam com isso?"

-   "Vão anunciar que capturaram um espião israelense e só vão aceitar libertá-lo contra um general egípcio, nosso prisioneiro!"

-   "Mas não lhes darei nenhum pretexto para me arrestar!"

-   "Isso não tem importância nenhuma. Se for preciso, eles colocarão drogas na sua bagagem e o pretexto será encontrado."

-   "Não me importo, assumo o risco!"

-   "Não, não tem jeito!"

O tom subia. Diante da determinação de G. B. Jacobson, os serviços secretos entraram em contato com o seu chefe no jornal para que este o convencesse a não realizar a viagem.

Noach Moses, o diretor do jornal, aderiu à decisão do Mossad e o informou a G. B. Jacobson. Ainda indeciso, acabava de desligar quando o telefone tocou de novo: era o embaixador egípcio que anunciava a concessão do seu visto, que estava pronto!

O que fazer? Sua curiosidade jornalística estava atiçada ao máximo mas agora até sua esposa começava a se preocupar.

G. B. Jacobson era um Chassid. Telefonou então à secretaria do Rebe para transmitir ao Rebe seu problema. Algumas horas depois, Rav Hadakov, o secretário principal, lhe telefonou: o Rebe o encorajava a empreender a viagem e já que os serviços israelenses se opunham, seria bom se aconselhar, dizia o Rebe, "com meu bom amigo Itschac Rabin!"

Claro, G. B. Jacobson ligou de imediato para ele. Este ouviu com atenção: "Pessoalmente, acho que é, de fato, um furo jornalístico, muito interessante. Vou falar com o responsável do Mossad nos Estados Unidos". E este também estimulou Jacobson, assegurando-lhe que tudo correria bem.

Enquanto G. B. Jacobson preparava fervorosamente sua viagem, recebeu um telefonema diferente: Rav Hadakov lhe pedia para ir falar com o Rebe!

Na hora marcada, Reb Jacobson entrou no escritório do Rebe: esta audiência privada resultou totalmente diferente daquelas às que estava acostumado.

Primeiro o Rebe lhe entregou um "Tania" traduzido em francês: era preciso fazê-lo chegar a um professor de origem tunisina. Este era um ex aluno das instituições Lubavitch da Tunísia que ensinava agora história e geografia na universidade El-Azar. Falava correntemente francês. Saberia certamente apreciar o Tania traduzido.

Depois o Rebe lhe pediu para levar dois pares de Tefilins para o Grande Rabino do Cairo. Fazia tempo, explicou o Rebe, que ele não colocava Telifins verificados, com certeza ele ficaria feliz com esse presente.

Depois o Rebe lhe confiou uma faca especial para o abate de galinhas, vários livros e a importância de 180 dólares para distribuir ali entre os necessitados.

"Eu não estava nem espantado. Há muito eu observara que o Rebe conhecia as necessidades de cada judeu, onde este estivesse no mundo. Ele até me falou de um judeu italiano que trabalhava no Cairo num banco inglês... Por outro lado, ele me deu conselhos preciosos".

A permanência de Reb Jacobson transcorreu bem, ele até pôde entrevistar o Raïs Nasser, apesar disso ter sido desmentido pelas autoridades egípcias que lamentavam ter-lhe facilitado a tarefa

Ele teve alguns problemas de alimentação: como só podia comer frutas e legumes, informaram-lhe, como por acaso, que não havia mais em todo o Egito!

Na sua volta, Reb Jacobson fez um relatório detalhado ao Rebe, que lhe desejou poder em breve anunciar pelo seu jornal a vinda de Mashiach e o estimulou inclusive a já preparar essa reportagem...


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